25 DE ABRIL SEMPRE
Em contraste com o dia 25 de Abril, o autêntico, o verdadeiro, sim o de 1974, este dia cinzento de hoje está, de certa forma, de acordo com o cinzentismo com que os portugueses encaram o dia mais precioso da nossa história dos últimos 300 ou 400 anos.
Para os que viveram o antes e o dia 25 Abril de 1974 e agora assistem a este remelgado dia-a-dia, tudo parece oco, sem sentido, a passar ao lado das mais sinceras e desejadas ambições. Podem queixar-se de pouco ser como devia ser, mas, na generalidade, sabem distinguir o trigo do joio e não trocam a actual situação pela anterior. Não votam em Salazar e não dizem que isto está pior do que dantes e que agora só dois ou três Salazares...
Mas há ainda saudosistas e situacionistas...só que transferidos para os partidos democráticos (que remédio!) PSD e CDS/PP. A estes, Portugal pouco deve. Digo pouco porque, mo meio de tudo, lá se faz alguma coisa de positivo para mascarar posições.
O grande problema reside nos nossos jovens. E, neste particular, é injusto acusá-los de não ligarem a uma data que «não lhes diz nada»... porque quase nada se lhes ensinou sobre ela. Durante os governos que se seguiram ao 25 de Novembro, não se resistiu de desvalorizar os capitães de Abril de forma a fazer avançar o princípio das leis que nos conduziram ao que hoje somos. Durante muito tempo, era mal visto falar do 25 de Abril e do ano que se lhe seguiu. Logo se era acusado - curioso, verdadeiramente curioso - de comunista, tal como Salazar fazia a quem não se benzia com a sua santa água benta.
E o 25 de Abril foi ficando para trás.
Hoje, na Assembleia da República, Cavaco Silva chama a atenção para o facto dos jovens estarem desligados da data e apela a uma mudança de estratégia... Pois bem, o seu partido e aliados, bem podiam ter pensado nisso há muitos anos atrás. Cavaco, talvez por ser Presidente da República, está diferente de épocas anteriores, é verdade. Mas o seu partido não só continua na mesma, como está mais «revanchista». Para o PSD (PP incluído), 25 de Abril... nunca! Ainda andam da carabina em punho à caça daquela «danada» gaivota que voava, voava... em céus de liberdade. Para eles, a data é o 25 de Novembro e só não volta a ser o 28 de Maio porque tal já não é possível. O povo português, melhor ou pior, assimilou o desejo de liberdade.
Os dia não serão sempre cinzentos...
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